Degustação Vertical de Velho do Museu
É possível que os mais jovens pouco tenham ouvido falar no Velho do Museu. Entretanto, este tinto foi a expressão máxima da vitivinicultura brasileira nas décadas de 1970 e 1980. Levando em consideração a sua alta qualidade e sua longa história (sendo 1971 a sua primeira safra, há 43 anos atrás), não seria exagero dizer que ele é o “grande” vinho tinto nacional. Atualmente, está sendo comercializada a sua colheita de 2004 (www.juancarrau.com.br/), sendo uma mescla de Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Merlot. Os primeiros exemplares, ainda não traziam a Cabernet Sauvignon.
Em 15/05/2014, o proprietário da vinícola, meu amigo Juan Luis Carrau, organizou uma 2ª Grande Degustação Vertical de Velho do Museu. Pois a 1ª Grande Degustação foi realizada em 02/04/1985, no Château Lacave, bela edificação em estilo medieval em Caxias do Sul, que contou com a presença de enólogos gaúchos, uruguaios, argentinos, os donos e eu. Na ocasião, foram provados os 9 vinhos da década de 1970, que receberam da minha parte, a seguinte colocação:
1º Painel
1º Velho do Museu 1971: o melhor vinho tinto brasileiro que já provei, inclusive quando bebido recentemente, em 26/11/2013, ainda estava vivaz e classudo;
2º Velho do Museu 1975
3º Velho do Museu 1974
4º Velho do Museu 1977
5º Velho do Museu 1979
6º Velho do Museu 1978
7º Velho do Museu 1976
8º Velho do Museu 1972
9º Velho do Museu 1973
Este 2º painel foi realizado no panorâmico restaurante Aprazível, situado em Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Ao contrário do primeiro, os participantes focados eram donos de lojas, donos de restaurantes, sommeliers, especialistas em vinho, jornalistas e blogueiros. Ao todo, foram 8 vinhos, grupados de dois em dois através das décadas de 1970, 1980, 1990 e 2000. As minhas preferências foram as seguintes:
2º Painel
1º Velho do Museu 1972: o exemplar mais antigo, ainda mostrando toda a sua pujança, aos 42 anos de idade;
2º Velho do Museu 1993
3º Velho do Museu 1978
3º Velho do Museu 2004
5º Velho do Museu 2000
5º Velho do Museu 1996
7º Velho do Museu 1988
8º Velho do Museu 1985
Pode-se tirar várias conclusões desta prova. A primeira delas é quanto a grande longevidade que pode ser atingida por um vinho tinto da Serra Gaúcha, desde que vinificado por um craque. A segunda, é a incrível identidade de estilo mantida pelo mesmo, ao londo destas quatro décadas.
Resumindo, o ótimo vinho Velho do Museu é muito elegante, com acidez frutada e equilibrada, prazeroso e muito longevo, num estilo mais europeu, que os exemplares rubros sul-americanos da Argentina e Chile.