A GRIFE DO VINHO, DO GIM E DO QUEIJO
Na realidade, o vinho não é um produto único, mas sim composto de uma série de famílias. As principais classes, que abrangem todos os grandes vinhos do planeta, são: vinho de mesa, vinho leve, vinho frisante, vinho espumante natural ou champanha e vinho licoroso ou generoso.
Vinho de mesa
É a bebida resultante da fermentação alcoólica do mosto da uva sã, fresca e madura. Segundo a legislação brasileira vigente, deve ter:
- Teor alcoólico de 8,6% a 14% (15% na legislação da União Européia) de álcool em volume;
- Pressão máxima: 1,0 atmosfera, perceptível nas pequenas bolhas de ar que se vêem no fundo do copo, quando existente;
Como o próprio nome diz, são os mais indicados para acompanhar as refeições. Essa classe engloba a grande maioria dos vinhos produzidos no globo. Não confunda a “classe” vinho de mesa com a “categoria” vinho de mesa, prevista na classificação de todos os países europeus. Dando como exemplo a legislação francesa, a “classe” vinho de mesa engloba todos os vinhos elaborados conforme estabelecido anteriormente, seja ele apenas um vin de table (da categoria vinho de mesa), seja um vin d’AOC (vinho de Appellation d’Origine Contrôlée).
No Brasil, o vinho de mesa produzido exclusivamente com variedades de uvas Vitis vinifera, ou européias, é chamado de vinho fino. O vinho de mesa pode ser tinto, rosado ou branco. Quanto ao teor de açúcar presente, ele pode ser: seco, meio seco, doce ou muito doce. Esses dois últimos estilos são mais usados como sobremesa. A regulamentação brasileira é deficiente nessa classificação, pois estipula apenas três níveis: seco (até 4 g/l de açúcar residual), meio seco (de 4,1 a 25 g/l) e doce ou suave (acima de 25 g/l).
Vinho leve
É um vinho com teor alcoólico de 7% a 8,5% em volume, obtido exclusivamente da fermentação dos açúcares naturais da uva, vedada sua elaboração a partir de vinho de mesa. Apesar desta classe ser prevista na legislação brasileira ela é muito pouco empregada aqui. Contudo, muitos vinhos alemães cairiam nesta classificação, devido aos seus baixos teores alcoólicos.
Vinho frisante
É o vinho com teor alcoólico de 7% a 14% em volume. Ele é ligeiramente gaseificado, naturalmente ou não, com pressão entre 1,1 e 2,0 atmosferas. É o mais indicado para os que preferem vinhos menos gasosos.
Vinho espumante natural ou champanha
É o vinho cujo gás carbônico (CO2) se obtém unicamente numa segunda fermentação alcoólica do vinho em garrafas (método champenoise ou tradicional) ou em grandes recipientes (método Charmat). Têm, segundo as leis brasileiras, graduação alcoólica de 10% a 13%, e sua pressão mínima deve ser de 4,0 atmosferas. O Champagne é o espumante natural mais conhecido. Geralmente esses espumantes têm entre 5 e 6 atmosferas, o que explica por que os espumantes são embalados em garrafas de paredes mais grossas, dimensionadas para resistir à alta pressão interna.
O vinho moscatel espumante é uma subclasse de espumante natural, resultante de apenas uma fermentação alcoólica do mosto de uva da variedade Moscatel, quase sempre em autoclave. O representante mais reputado desse tipo é o Asti Spumante italiano, que precisa ter entre 7% e 9,5% de álcool. Na legislação brasileira, esse vinho deve apresentar uma graduação alcoólica de 7% a 10% em volume e uma pressão mínima de também 4,0 atmosferas de gás carbônico.
Vinho licoroso ou generoso
Vinho licoroso é aquele que recebe a adição de aguardente vínica (conhaque não envelhecido) no transcorrer da vinificação, tornando-o mais alcoólico. A legislação brasileira obriga que tenha de 14% a 18% de teor alcoólico. Contudo, ele situa-se entre 15% e 22% de álcool, nos regulamentos europeus. Os latinos usam o termo “vinho licoroso” para essa classe, ao passo que os anglo-saxões preferem chamá-lo de “vinho fortificado” (fortified wine). Os mais famosos de todos são produzidos na Península Ibérica, e os que têm uma DOC (Denominação de Origem Controlada) denominam-se “vinho generoso”, como Porto, Jerez, Madeira, Moscatel de Setúbal, Málaga e outros. Outros países europeus também elaboram vinhos licorosos, tais como Muscat de Beaumes-de-Venise, Muscat de Rivesaltes, Banyuls, Maury, Vin Jaune (França) e Marsala (Itália). Por serem bastante alcoólicos, são geralmente bebidos como aperitivos (os secos e os meio secos) ou como digestivos (os doces e os muito doces).
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